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Bagada escrito em 19 de Dezembro de 2025

O poder das 5 da manhã: autocuidado, ciência e ritmos individuais

Há alguns anos, um sujeito chamado Robin Sharma propôs uma espécie de clube dos madrugadores: o 5AM Club (ou Clube das 5 da manhã, em português). A ideia era acordar muito cedo, por volta das 5 horas da manhã, dedicando a primeira hora do dia, antes que a rotina o absorva, a um ciclo de 60 minutos divididos em três blocos:

 

● Os 20 minutos iniciais para movimentar o corpo e beneficiar-se de uma descarga de dopamina;

 

● Os 20 minutos seguintes para refletir, ou seja, para abrir um espaço à espiritualidade, à meditação ou até mesmo escrever algo;

 

● Os 20 minutos finais seriam dedicados ao que ele chamou de crescimento, ou seja, aprender algo novo, ler o seu jornal ou o capítulo de um livro, ouvir um podcast, enfim.

 

Para Sharma, essa 1 hora antes de o dia propriamente começar seria um espaço totalmente dedicado a si, ou seja, uma dose diária de autocuidado. A proposta logo teve adesão de executivos famosos como Mark Zuckerberg, do Facebook, e de Tim Cook, da Apple.

 

Eu acordei cedíssimo por toda a minha vida. Durante bons anos, fui motivado pelos treinos do triatlo. Mas mesmo agora, que me aposentei das provas de Ironman, mas sigo treinando, continuo esse hábito. É nas primeiras horas da manhã, quando saio para passear com meus dois pets, que meu cérebro parece funcionar melhor. É naqueles vinte, ou pouco mais, minutos propostos por Sharma em que movimento o meu corpo logo após despertar que consigo resolver mentalmente problemas e ter novas ideias.

 

A ciência nos mostra por que: é no momento em que abrimos os olhos para despertar que o corpo libera cortisol, preparando-o para entrar no modo ‘ligado’. Com o cérebro não é diferente: os pensamentos e o raciocínio parecem ficar mais claros e aguçados.

 

Acordar de madrugada também nos oferece algo precioso: ver o dia clarear. Testemunhar o amanhecer funciona como uma injeção de dopamina, trazendo sensação de bem-estar. Traz, ainda, a oportunidade de vivenciar um pouco de quietude, quando os filhos e o parceiro ou parceira ainda dormem e a cidade ainda não está totalmente acordada. É um momento quase sem distrações, que você pode usar em seu benefício.

 

Agora, vale um alerta: essa proposta não se aplica a todos. Algumas pessoas de fato funcionam melhor à noite e pior de dia. Nosso relógio biológico interno é influenciado pela genética, ou seja, não é apenas hábito que nos torna madrugadores ou notívagos (embora possamos alterar isso em certa medida).

 

E, talvez o mais importante: levantar-se de madrugada não pode, de maneira nenhuma, ser às custas do seu sono. Se você precisa das 8h de descanso à noite para acordar bem, verifique se realmente conseguirá estar na cama às 21h. As horas descansadas e, mais do que isso, a qualidade do sono devem sempre ser privilegiadas, sob o risco de trazer problemas para a saúde mental. Gosto sempre de lembrar que um dos primeiros alertas para questões de saúde mental é o sono ruim.

 

Em suma, propor-se a acordar às 5 da manhã pode ser uma boa ferramenta de autocuidado, mas não é uma lei universal, que vale para todos. Se a ciência nos aponta que podemos aproveitar o pico matinal de cortisol, também nos lembra de que devemos respeitar a nossa individualidade.

 

 

Reprodução: Forbes


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