Bagada escrito em 17 de Janeiro de 2025
Pix, Receita e o Cafézinho de R$ 3,00: Era Melhor Ter Planejado
A Receita Federal decidiu revogar a fiscalização do Pix, e o que poderia ser um avanço tecnológico acabou virando um tiro no pé. A ideia de monitorar todas as transações – até os modestos R$ 3,00 do cafézinho – foi arquivada. A pergunta que fica no ar é: foi só um erro de execução ou algo maior, uma estratégia mal planejada?
O conceito até fazia sentido: combater fraudes e movimentações ilegais. Mas será que a abordagem estava alinhada com a realidade? Monitorar todo mundo sem distinção é como pescar com uma rede gigante e pegar mais lixo do que peixe. E, no meio disso tudo, o cidadão comum acaba se perguntando: “Eu sou o alvo?”
Ferramentas como inteligência artificial poderiam ter feito a diferença. Sistemas de machine learning detectariam padrões realmente suspeitos em segundos, enquanto a análise comportamental diferenciaria um Pix para o pastel da esquina de uma movimentação incompatível com a renda declarada. Data mining, por sua vez, cruzaria informações relevantes, identificando quem realmente merece uma investigação – sem interferir no fluxo das transferências legítimas.
Foi falta de confiança na tecnologia, medo da reação pública ou uma tentativa de controle desnecessária? Talvez nunca saibamos, mas o fato é que esse passo, dado de forma apressada, gerou ruído e desconfiança. Afinal, ninguém quer que seu Pix de R$ 0,50 vire caso de Receita.
Decisões assim mostram como o uso da tecnologia deve ser planejado, com objetivos claros e direcionados. Não basta monitorar tudo. É preciso estratégia para focar nos grandes casos e deixar o cidadão comum em paz. Porque, no fim, iniciativas mal desenhadas geram o que vimos: desconfiança, críticas – e, claro, memes (porque aqui é Brasil).
Enquanto isso, seguimos livres para nossos Pix. Mas fica o questionamento: será que aprendemos a lição? Ou foi só mais um capítulo mal planejado que será repetido futuramente? A tecnologia está aí, pronta para ser usada. A questão é saber se estamos prontos para usá-la bem.
Paulo Gutemberg
Marketing e IA para negócios
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