Muitas pessoas, especialmente praticantes de técnicas da medicina oriental como a Ayurveda, acreditam que para ter um funcionamento saudável do corpo é preciso fazer cocô pela manhã, logo após acordar. Entretanto, o horário ideal para as fezes não é consenso entre os médicos.

De fato, é mais comum sentir o reflexo gastrocólico, a atividade maior do intestino, logo após as refeições (no caso, o café da manhã). O café, leite e alimentos derivados de trigo, como o pão, são estimulantes desse reflexo e, por isso, ele pode ser ainda mais intenso no período matutino.

Para os médicos ouvidos pelo Metrópoles, porém, o reflexo gastrocólico do desjejum não indica que este horário seja mais saudável para evacuar. “Pela manhã, o mecanismo evacuatório é mais fisiológico, mas o melhor horário, de uma forma geral, é o que realmente sentimos vontade de evacuar”, explica a coloproctologista Geanna Resende, do Órion Complex, em Goiânia.

“Não existe horário ideal para defecar”, concorda a gastroenterologista Luciane Milani, do Hospital do Coração (Hcor) de São Paulo. “Cada pessoa apresenta um ritmo fisiológico que pode sofrer influências, boas e ruins, de alimentação, atividade física, rotina de trabalho, viagens…”, defende.

Luciane ressalta que não se pode falar de uma frequência mínima de fezes. “A maioria das pessoas evacua uma vez ao dia, mas um hábito intestinal considerado normal pode ser de duas até três evacuações diárias, ou demorar até três dias. Fora desta média, porém, já há impacto na qualidade de vida do paciente”, explica ela.

Geanna concorda que o ritmo evacuatório é individual e deveríamos levar em conta outros fatores além do relógio. “As fezes devem ser macias, facilmente eliminadas, sem esforço excessivo, sangue, muco ou dores anais. Isso é o mais importante”, diz.

“Para termos uma evacuação saudável, é fundamental uma alimentação correta, rica em fibras, com ingestão apropriada de líquidos, consumo moderado de proteína animal e quantidade reduzida de gordura, industrializados e farináceos. E é fundamental praticar atividades físicas regularmente”, conclui a coloproctologista.

Metrópoles