Bagada escrito em 20 de Agosto de 2025

Os preços da carne bovina no Brasil devem continuar em patamares elevados mesmo diante das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, que limitam o volume de carne brasileira importada, segundo especialistas.
A expectativa é que, apesar da redução das exportações para os EUA, a oferta no mercado interno não aumente de forma a pressionar os preços para baixo, já que o país possui outros destinos compradores.
Segundo Felipe Fabbri, analista de mercado da Scot Consultoria, os EUA naturalmente compram menos carne brasileira no segundo semestre, quando atingem o limite das cotas com taxas reduzidas, e retornam a importar no início do ano seguinte.
“Olhando para curto prazo – agosto, setembro, outubro, até o final do ano – independentemente da questão do tarifaço, a percepção é de um mercado mais comprador e com preços também elevados, com preços firmes frente à mínima que o tarifaço impôs”, disse em entrevista exclusiva ao Poder360.
O Brasil possui uma cota de importação com tarifa reduzida de 4%, mas, quando esse limite é ultrapassado, a tarifa sobe para cerca de 25%, o que leva os norte-americanos a buscar outros fornecedores.
Por isso, segundo Fabbri, o mercado interno já se organiza para diversificar os destinos da carne brasileira no segundo semestre.
“A demanda para os próximos meses, independente dos Estados Unidos comprar ou não, já está planejada. Os outros compradores atuam mais ativamente em termos de volume de carne brasileira nesta época do ano. Nesse contexto, pode ser um fator diluído com relação à pressão via norte-americana”, afirmou.
Além disso, os pecuaristas podem utilizar contratos de preço mínimo da arroba do boi gordo para se proteger das oscilações. Esse mecanismo estabelece um valor de referência, garantindo que o produtor não tenha prejuízo caso os preços do mercado caiam, podendo negociar sua produção com a Conab ou receber a diferença do governo.
Fabbri observa ainda que os produtores não devem aumentar o descarte de fêmeas, pois os preços do bezerro estão atrativos.
“O bezerro já subiu pelo menos 30% no Brasil e, diante dessa alta, interpretamos que o pecuarista deve segurar mais as fêmeas, em vez de descartá-las, mesmo diante do cenário com os Estados Unidos”, explicou, destacando que o setor se prepara para a fase de monta do rebanho para garantir a produção futura.
PODER 360
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