Bagada escrito em 11 de Junho de 2024
Quando Jen Dalton engravidou em 2018, ela fez uma planilha. Levando em consideração a licença maternidade, as recomendações de saúde para espaçar nascimentos e até mesmo possíveis férias em família, ela planejou quando teria cada um dos quatro filhos que pensava querer.
"Olho para isso de vez em quando e dou risada de como fui ingênua", diz Dalton, de 31 anos.
Isso porque, apenas dois meses após o nascimento da filha, ela e o marido decidiram que era "um e pronto".
Parte disso foi a luta contra a privação de sono e pela saúde mental: Dalton lidou com um parto traumático, depressão pós-parto (DPP) e ansiedade pós-parto (APP). No entanto, mesmo quando a vida se tornou mais fácil, a decisão pareceu acertada para ela.
Não era só que Dalton, que mora em Ontário, no Canadá, e seu marido não queriam arriscar o bem-estar dela – e de sua família – ao passar por tudo de novo. Acontece também que eles sabiam que não havia nada de "errado" em não "dar um irmão" à filha.
"Sou filha única e muito feliz", diz Dalton. "Sou muito próxima dos meus pais."
Então, em 2022, Dalton sentiu um abalo em sua convicção. Ela e o marido mudaram-se para sua "casa definitiva". Amigos próximos tiveram um recém-nascido, que lembrou a eles da filha.
Ela sentiu que se tivesse DPP ou APP novamente, teria mais ferramentas para lidar com isso. E os algoritmos das redes sociais continuaram a promover conteúdos que mostravam famílias grandes e bonitas.
"Isso realmente nos fez pensar: 'Sim, poderíamos fazer isso de novo'", diz ela.
Não surpreende que Dalton tenha começado a questionar a decisão.
Embora, em muitos países, filhos únicos estejam se tornando a norma, a pressão para ter mais do que um permanece.
Os estereótipos sobre os filhos únicos serem mimados ou solitários persistem, apesar da frequente desconstrução. Os pais dizem que se sentem pressionados a ter mais filhos por membros da família e até estranhos.
Nas redes sociais, mães postam momentos adoráveis de suas ninhadas com legendas como: "Este é o seu sinal, dê a eles o irmão mais novo" e "Nunca conheci uma mãe que se arrependesse de ter mais um".
Mesmo que a decisão de ter "um e pronto" tenha se tornado mais comum, esse ruído de fundo significa que os pais que fazem essa escolha muitas vezes têm que convencer outras pessoas – e até a si mesmos – de que fizeram a coisa certa.
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