Bagada escrito em 14 de Abril de 2025

Das 88 organizações criminosas em atuação no Brasil, 46 estão nos nove estados do Nordeste, segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Ano passado o Brasil somava 72 organizações criminosas e cerca de 30 estavam na região.
Para especialistas, há justificativas e elas podem ser explicadas em mais de uma frente. A maior parte das organizações corresponde a pequenos núcleos criminosos, que ainda operam de forma bastante localizada. Muitas são dissidentes de outras organizações, podem ser engolidas por rivais conforme avançam as disputas territoriais ou podem crescer, com a negligência do Estado e a parceria com facções maiores.
Uma das causas da proliferação de quadrilhas no Nordeste, avaliam especialistas, é uma ausência do Estado e uma legislação falha, que permite dominação de territórios por facções que oferecem uma falsa segurança para a população local.
Segundo o integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Guaracy Mingardi, a maioria quase absoluta dessas organizações criminosas é de pequeno porte e possui uma atuação bastante localizada, setorizada em comunidades ou cidades ou, no máximo, regionalizada, enquanto apenas o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) têm influência nacional e internacional.
Em alguns casos essas facções menores operam em parceria, com o PCC ou o CV, enquanto outras tentam trilhar seus próprios caminhos de forma independente no tráfico de varejo, comprando entorpecente de grupos maiores, na tentativa de demarcar áreas. Muitas delas, avaliam, nasceram da dissidência de outras organizações.
Para o integrante do FBSP, o fato de estarem listadas no relatório indica que são relevantes o suficiente para serem monitoradas e, precisam ser enfrentadas pelo Estado e não negligenciadas para evitar que cresçam, se expandam e se tornem, sozinhas ou aliadas a outras, grandes conglomerados do crime.
Gazeta do Povo
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