logo


Bagada escrito em 30 de Outubro de 2024

Natal tem maior índice de analfabetismo entre brancos no Brasil, aponta IBGE

O Censo Demográfico de 2022, divulgado em 25 de outubro, trouxe à tona dados preocupantes sobre a alfabetização no Rio Grande do Norte (RN) e, em especial, na capital, Natal.

Com 751 mil habitantes, a cidade se destaca negativamente no cenário nacional, figurando em 4º lugar entre as cidades de grande porte com maior taxa de analfabetismo, superada apenas por Maceió (AL), Jaboatão dos Guararapes (PE), e Teresina (PI). Na classe de municípios com mais de 500 mil habitantes, a capital potiguar é a detentora da maior quantidade de analfabetos da cor branca.

O levantamento feito pelo IBGE aponta que, entre as cidades mais populosas, Natal ocupa a quarta posição em taxa de analfabetismo, com 6,6% da população de 15 anos ou mais sem saber ler e escrever. Esse índice representa uma disparidade educacional evidente quando comparado a cidades como Florianópolis (SC), que detém a menor taxa entre as grandes cidades, com apenas 1,4%.

Um aspecto que chama a atenção em Natal é a elevada taxa de analfabetismo entre pessoas da cor branca, que representa 42,5% do total, uma particularidade da cidade, visto que, nas demais cidades com altos índices de analfabetismo, essa proporção não é majoritária.

“Nenhum dos 25 municípios com as maiores taxas tinha maioria branca na população de 15 anos ou mais, sendo que somente Natal (42,5%) apresentou percentual de pessoas de cor ou raça branca maior do que 40%”, relata o documento.

Maceió tem 33,2% de pessoas brancas analfabetas e a maioria (54,2%) é entre pessoas pardas. Esse percentual se repete em Teresina, onde 60,4% das pessoas não alfabetizadas é da cor parda.

A situação de Natal reflete o panorama do estado. Com uma taxa de alfabetização de 86,1%, o Rio Grande do Norte ocupa o sexto lugar no ranking nacional entre os estados com menor índice de alfabetização, ficando atrás de vizinhos nordestinos como Ceará, Maranhão, Paraíba e Alagoas.

Apesar de avanços graduais ao longo dos anos, o Nordeste ainda possui as maiores taxas de analfabetismo do Brasil. Maceió é a capital com o pior índice, onde 8,4% da população com mais de 15 anos é analfabeta. Esses números não só revelam uma persistência do problema, mas destacam um quadro que parece se agravar quando associamos a disparidade entre as regiões.

Segundo o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, os dados fornecem um panorama das características educacionais da população no País. “Somente os censos demográficos possibilitam investigar a evolução do analfabetismo em cada pedaço do Território Nacional e em cada grupo social.”, pontuou.

Desigualdade racial e regional

O fator racial é um ponto marcante nos dados do IBGE, especialmente em Natal. Enquanto cidades com grandes populações analfabetas não possuem maioria branca, Natal aparece como exceção: 42,5% dos analfabetos na capital são brancos.

Em um contexto nacional, o Brasil apresentou uma taxa de alfabetização de 93,0% em 2022. Apesar de um avanço considerável — em 1980, essa taxa era de 74,5% — o país ainda enfrenta desafios.

Atualmente, 11,4 milhões de brasileiros com mais de 15 anos permanecem analfabetos. Historicamente, o processo de erradicação do analfabetismo no Brasil foi lento, mas os dados do Censo indicam que o ritmo de alfabetização acelerou, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, que apresentaram os maiores índices de alfabetização em 2022.

O desafio para o Nordeste, contudo, permanece. A taxa de alfabetização da região, de 85,8%, embora em progresso, é a menor do país e reflete as desigualdades regionais que persistem em áreas que ainda lutam para oferecer educação de qualidade e acesso facilitado.

Os dados do Censo 2022 trazem uma radiografia da situação do analfabetismo em Natal, no RN e no Brasil. O problema, que persiste há décadas, exige um olhar atento e soluções reais, que levem em conta as desigualdades regionais e raciais, promovendo educação inclusiva e acessível.

@saibamaisjor

Comentários

Deixe um comentário