Bagada escrito em 31 de Dezembro de 2025
Os canais de televisão do Grupo Globo foram responsáveis por quase metade (49,4%) do total gasto em publicidade pela administração direta do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até o momento neste 3º mandato. Os cálculos são do Poder360.
Os recursos incluem anúncios pagos pela Secom (Secretaria de Comunicação Social), ministérios e outros órgãos controlados exclusivamente pelo Poder Executivo, mas não abrangem investimentos de estatais federais, cujos números não são divulgados.
A distribuição da verba federal para televisão nos três primeiros anos de Lula mostra o domínio do conglomerado. Em 2023, dos R$ 345,1 milhões gastos em propaganda, R$ 175,5 milhões foram destinados à Globo.
Em 2024, das despesas totais de R$ 351,9 milhões, R$ 169,8 milhões ficaram com os canais do grupo. Já em 2025, até o momento, a Globo recebeu R$ 116,3 milhões dos R$ 236,9 milhões investidos na TV, com os dados ainda sujeitos a ajustes de fim de ano.
No governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), a participação da Globo nunca ultrapassou 30% do total, e a verba era distribuída de maneira mais equilibrada entre as principais emissoras, como Record e SBT, com a TV Abravanel recebendo ligeiramente menos.
Com Lula, a diferença entre a Globo e as outras TVs aumentou já no primeiro ano de mandato e se manteve estável, segundo os dados do Sicom (Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal), que foram corrigidos pela inflação.
De acordo com o levantamento, as emissoras do Grupo Globo foram as únicas a expandir sua participação na publicidade estatal federal sob Lula. Todos os demais grandes grupos perderam espaço em comparação a 2022. Em valores corrigidos, a Globo recebeu R$ 461,5 milhões nos primeiros três anos, enquanto no mesmo período do governo Bolsonaro os canais do conglomerado obtiveram R$ 228,5 milhões, representando um crescimento de 102%.
Outras emissoras, como Record, SBT e Band, registraram queda na participação. Em 2024, último ano com dados consolidados, a administração direta federal gastou R$ 770 milhões em publicidade, sendo 45,7% destinados à televisão, percentual semelhante ao observado em anos anteriores.
O segundo meio preferido do governo é a internet, que já vinha crescendo desde 2019. Em 2023 e 2024, a mídia digital respondeu por 18,5% e 21,0% dos gastos, respectivamente. Em 2025, com números ainda parciais, esse percentual subiu para 35,2%.
O aumento do investimento em publicidade digital acompanha a chegada de Sidônio Palmeira à Secom. O ministro assumiu a pasta em 14 de janeiro de 2025 e promoveu mudanças na estrutura da comunicação do governo, com o objetivo de elevar a popularidade do presidente. Lula, por sua vez, demonstrou insatisfação com a atuação da Secom em diversas ocasiões.
A última manifestação pública ocorreu em 17 de dezembro, durante reunião ministerial: “Eu tenho a impressão de que o povo ainda não sabe. Eu tenho a impressão de que nós ainda não conseguimos a narrativa correta para fazer com que o povo saiba [das conquistas do governo]“, afirmou.
Antes de Sidônio, a Secom era comandada por Paulo Pimenta, que deixou o cargo após críticas semelhantes feitas pelo presidente sobre o desempenho da comunicação do governo.
Foto: reprodução; Fonte: Poder360



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