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Bagada escrito em 18 de Julho de 2024

Árbitro de vôlei sofre homofobia em partida do Juverns

O árbitro Luan Gomez, de 26 anos, foi vítima de um episódio de homofobia quando apitava na etapa seletiva dos Jogos da Juventude Escolar do Rio Grande do Norte (Juverns), com equipes de 12 a 14 anos, nesta terça-feira (16) em Natal.

A partida era entre duas escolas particulares: o Colégio Instituto Brasil e o Salesiano Dom Bosco, e aconteceu no bairro de Cidade da Esperança, Zona Oeste da capital. Os gritos vieram da parte de onde tinha a maioria da torcida do Instituto Brasil. O agressor não foi identificado. Mesmo tendo ficado abalado e chorado, Luan conseguiu se recompor e minutos depois já estava trabalhando em um outro jogo. Negro e gay, o jovem encontrou no esporte um meio de acolhimento e não pretende deixar o vôlei de lado.

Como foi

Nas partidas de voleibol, existem dois árbitros: um que fica na parte de cima, de costas para o público, em cima de um banco para ver as infrações, e outro que fica na parte de baixo — também de costas — ambos focados no jogo. Na hora dos ataques homofóbicos, Luan, que é estagiário do corpo de arbitragem da Federação Norte-Riograndense de Voleibol (FNV), estava atuando como primeiro árbitro.

Nos dois primeiros sets, houve uma vitória para cada lado, e o jogo então se encaminhou para um terceiro set de desempate, de 15 pontos.

“E geralmente os nervos estão à flor da pele porque é um set mais pegado, é uma situação que a gente precisa analisar mais, e os pais ficam fervorosos porque estão torcendo para o filho”, explica Luan, que diz que nesses momentos já se costuma ouvir gritos com críticas à arbitragem, mas não criminosos.

A situação mudou já no final do terceiro set, quando ele apitou uma infração e, de costas para quem estava assistindo a partida, ouviu gritos como “apita essa porra direito, baitola”. Ele se virou para tentar identificar de onde vinha o insulto e não achou a pessoa, então voltou a se concentrar no ofício. Depois, novamente, ouviu um xingamento: “bota essa porra na boca direito, viado”. Mais uma vez, não identificou de quem partia os gritos homofóbicos. Foi então que começou a chorar e se viu numa situação de impotência.

“Eu não sabia quem é que estava me ofendendo. Quando eu virava de costas a pessoa começava a me ofender de novo, eu procurava quem era, ninguém falava nada”, relata.

Luan, então, comunicou o fato ao segundo árbitro, um profissional mais experiente que atuava também como seu instrutor, e recebeu apoio. A ação criminosa também foi comunicada aos técnicos das duas equipes, que se solidarizaram e se prontificaram a tentar achar o culpado, mas não foi possível. A súmula foi preenchida relatando a situação.

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